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02/06/2021 - Notícias antes da mesa 2
O protagonismo da agricultura familiar
Pesquisadores discutem os desafios das políticas globais e locais para a agricultura familiar e os sistemas agroalimentares nesta quarta-feira
A partir das 17h desta quarta-feira (02/06), os pesquisadores Ivan Tartaruga, do Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território (CEGOT) da Universidade do Porto (Portugal) e da Rede Brasileira de Pesquisa e Gestão em Desenvolvimento Territorial (Rete Brasil), Eric Sabourin, do centro Coopération International en Recherche Agronomique pour le Développement (Cirad) e Rete Brasil, e Potira Preiss, pesquisadora pós-doc do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Regional da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e Rete Brasil participam da segunda mesa do II Seminário Internacional e IV Jornada da Agricultura Familiar para discutir os desafios da políticas públicas globais e locais para o fortalecimento da agricultura familiar e dos sistemas agroalimentares.
Sob a mediação do professor e pesquisador da Universidade Federal de Goiás (UFG) e da Rede de Estudos Rurais, José Paulo Pietrafesa, os pesquisadores do Brasil, Portugal e França abordarão temas como segurança alimentar, digitalização dos espaços rurais e o desmonte das políticas públicas destinadas ao fortalecimento da agricultura familiar.
Os tópicos serão apresentados à luz dos Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável (ODS), propostos pela Organização das Nações Unidas (ONU) na Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável dos territórios.
O protagonismo da agricultura familiar
De acordo com Potira Preiss, pesquisadora pós-doc do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Regional da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), da Rete Brasil e do GEPAD, a agricultura familiar é responsável por 80% da produção de alimentos em todo o mundo, totalizando um número aproximado de 500 milhões de pessoas com propriedades de pequeno e médio porte dedicadas à agricultura e a pecuária.
No Brasil, ainda de acordo com a doutora em desenvolvimento regional, 77% (cerca de 4 milhões) dos estabelecimentos agropecuários são da agricultura familiar. Esse modo de produção no campo realizado por núcleos familiares é responsável pelo fornecimento, por exemplo, de frutas e mandiocas in natura, alimentos que apresentam maior valor nutritivo quando comparados aos alimentos ultraprocessados.
Além de fornecer alimentos mais saudáveis, a agricultura familiar também tem sido protagonista no combate à insegurança alimentar, “contexto onde as pessoas não têm a quantidade e a qualidade de alimentos necessários para ter uma vida plena e saudável para poder trabalhar, estudar, fazer as suas atividades”, explica a doutora Preiss.
Atualmente, 55% da população Brasileira se encontra no contexto de insegurança alimentar, cerca de 116 milhões de pessoas sem acesso e quantidade de alimentos adequados, de acordo com a pesquisadora. Os números são confirmados pelo Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, desenvolvido pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede PENSSAN), disponível no trabalho “olhe para a fome”.
Fonte: http://olheparaafome.com.br/
“A agricultura familiar é extremamente importante, seja para a gente atingir a segurança alimentar e nutricional, ou até realmente conseguir fazer uma transição para sistemas alimentares saudáveis e sustentáveis", avalia Potira Preiss. Ela também destaca que a agricultura familiar é uma prática de baixo impacto ambiental, que fornece uma diversidade de alimentos e fomenta a preservação e resgate de sementes crioulas e variedades nativas.
A tecnologia aplicada à agricultura
De acordo com o cientista Ivan Tartaruga, do Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território (CEGOT) da Universidade do Porto (Portugal) e da Rete Brasil, a digitalização de territórios rurais tem sido um aspecto de inovação na produção agrícola. Ele cita a internet das coisas como exemplos de tecnologias digitais que tem otimizado a agricultura.
"Ela faz a ligação em redes de objetos reais que estão no território de forma interligada na internet. Ela está ligada a outras tecnologias importantes, como agricultura de precisão, principalmente em grandes propriedades rurais, onde há diversos sensores dispersos pela propriedade e estão interligados pela internet onde ela se reúne nesta tecnologia que chamamos de internet das coisas”, explica o pesquisador.
Ainda de acordo com Tartaruga, essas tecnologias digitais têm contribuído para uma agricultura mais sustentável. “A digitalização são diversas tecnologias que trabalham em conjunto gerando muitas possibilidades de utilização nas propriedades. E um aspecto que é interessante, só pra destacar um deles nesse uso da internet das coisas, é que ela possibilita ganhos interessantes na sustentabilidade, como é exemplo da diminuição do consumo de água, onde você faz a irrigação de forma otimizada”, diz.
Aqui no Brasil, de acordo com Tartaruga, o Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovações (MCTI) e o Banco Nacional do Desenvolvimento e Social (BNDS) promulgaram, em 2019, um decreto que põe em vigor o Plano Nacional da Internet das Coisas. Ainda segundo o pesquisador, o decreto tem como objetivo fomentar o uso dessas tecnologias no Brasil.
“Dentro desse Plano Nacional, agora mais para o espaço dos ambientes rurais, foi criada uma Câmara Dagro 4.0, que é justamente um acordo de cooperação técnica, junto com o Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação (MCTI) e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para trabalhar essas tecnologias nas áreas rurais, principalmente na agricultura. Esse é um aspecto que esperamos que seja efetivado e traga bons resultados para o uso dessas tecnologias digitais”, pondera.
Os desafios das políticas globais e locais
Durante a mesa desta quarta-feira (02/06), os pesquisadores apresentarão as suas pesquisas sobre o tema, indicando os desafios das políticas públicas diante do atual contexto de crises globais.
Eric Sabourin, pesquisador titular em antropologia e sociologia rural do centro de Coopération International en Recherche Agronomique pour le Développement (Cirad), na França, destacará o desmonte das políticas destinadas ao desenvolvimento territorial rural, da agricultura familiar e de adaptações às mudanças climáticas e agroecológicas no Brasil e países do Mercosul.
As contribuições dos pesquisadores serão moderadas pelo pesquisador de educação no campo José Paulo Pietrafesa. A mesa terá início às 17h, com transmissão ao vivo pelo canal do YouTube do PPGMader e retransmissão pelo canal da Rede de Estudos Rurais e Facebook da Rete Brasil.
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